Para o filosofo Immanuel Kant o tempo
não existe. Will Kane, personagem principal de Matar ou Morrer (High Moon),
discordaria disso, afinal, o tempo é seu pior inimigo nesse western lançado em
1952.
Will Kane (Gary Cooper) é um xerife que fica sabendo, na hora de seu casamento, que ao meio-dia chegará um trem trazendo Frank Miller (Ian MacDonald); criminoso que saiu da cadeia e que planeja se vingar de Kane. Apesar de Amy (Grace Kelly), sua noiva quaker, argumentar que devem ir embora, ele acaba optando por enfrentar o bandido e seus cúmplices. Com mede, a população se refugia sem nem ao menos ajudá-lo.
Matar ou Morrer é um filme muito
importante dentro do gênero, pois ousou ao deixar de lado vários elementos
presentes em filmes de faroeste. Por esse motivo sempre foi considerado um
anti-faroeste. Ele deixa de lado toda a ação física, o famoso “bang-bang”, e
foca mais na ação moral, onde o que o personagem está sentindo é mais importante.
Foi o primeiro a usar o “real time”
ao juntar o tempo da trama com o tempo de duração do filme. Sua edição,
indicada ao Oscar, é muito importante para construção desse elemento. Além do que, Fred
Zinneman, diretor do filme, usou muitos planos detalhes de
relógios para mostrar que o tempo, além de Grace Kelly, também contracena com
Gary Cooper.
A trilha sonora, junto com a ótima
atuação de Cooper, consegue transmitir todo um clima de medo e solidão. Um
clima de pura melancolia. Ah, sem se esquecer da linda música tema "Do Not Forsake Me, Oh My Darlin - Tex Ritter" que ajuda muito nesse sentido e que figura em quase todo o filme.
Isso tudo ganha mais vida em uma cena - a mais importante do filme - onde temos uma seqüência que a câmera, de um close, vai se distanciando, até um plano aberto, para mostrar a cidade deserta e que o personagem está realmente está sozinho nessa.
Isso tudo ganha mais vida em uma cena - a mais importante do filme - onde temos uma seqüência que a câmera, de um close, vai se distanciando, até um plano aberto, para mostrar a cidade deserta e que o personagem está realmente está sozinho nessa.
Além de tudo que acabou de ler, Matar ou Morrer
também apresenta uma forte crítica social. Membros da equipe sofreram com o “Macarthismo”,
que assombrava os Estados Unidos na época de lançamento do filme.
Intencionalmente ou não, é fato que podemos perceber ali, escondido na trama, principalmente
no “clímax” descrito acima, fragmentos relacionados à essa questão.
Enfim, Matar ou Morrer é um grande clássico, recomendado até mesmo para quem não está familiarizado com gênero. Mesmo ele fugindo do óbvio, como a presença do índio e dos famosos tiroteios, é uma boa porta de entrada para esse mundo dos WESTERNS.