segunda-feira, 18 de junho de 2012

Matar ou Morrer (1952)



Para o filosofo Immanuel Kant o tempo não existe. Will Kane, personagem principal de Matar ou Morrer (High Moon), discordaria disso, afinal, o tempo é seu pior inimigo nesse western lançado em 1952.

Will Kane (Gary Cooper) é um xerife que fica sabendo, na hora de seu casamento, que ao meio-dia chegará um trem trazendo Frank Miller (Ian MacDonald); criminoso que saiu da cadeia e que planeja se vingar de Kane. Apesar de Amy (Grace Kelly), sua noiva quaker, argumentar que devem ir embora, ele acaba optando por enfrentar o bandido e seus cúmplices. Com mede, a população se refugia sem nem ao menos ajudá-lo.
Matar ou Morrer é um filme muito importante dentro do gênero, pois ousou ao deixar de lado vários elementos presentes em filmes de faroeste. Por esse motivo sempre foi considerado um anti-faroeste. Ele deixa de lado toda a ação física, o famoso “bang-bang”, e foca mais na ação moral, onde o que o personagem está sentindo é mais importante.

Foi o primeiro a usar o “real time” ao juntar o tempo da trama com o tempo de duração do filme. Sua edição, indicada ao Oscar, é muito importante para construção desse elemento. Além do que, Fred Zinneman, diretor do filme, usou muitos planos detalhes de relógios para mostrar que o tempo, além de Grace Kelly, também contracena com Gary Cooper.





A trilha sonora, junto com a ótima atuação de Cooper, consegue transmitir todo um clima de medo e solidão. Um clima de pura melancolia. Ah, sem se esquecer da linda música tema "Do Not Forsake Me, Oh My Darlin - Tex Ritter" que ajuda muito nesse sentido e que figura em quase todo o filme.


Isso tudo ganha mais vida em uma cena - a mais importante do filme - onde temos uma seqüência que a câmera, de um close, vai se distanciando, até um plano aberto, para mostrar a cidade deserta e que o personagem está realmente está sozinho nessa. 


Além de tudo que acabou de ler, Matar ou Morrer também apresenta uma forte crítica social. Membros da equipe sofreram com o “Macarthismo”, que assombrava os Estados Unidos na época de lançamento do filme. Intencionalmente ou não, é fato que podemos perceber ali, escondido na trama, principalmente no “clímax” descrito acima, fragmentos relacionados à essa questão. 

Enfim, Matar ou Morrer é um grande clássico, recomendado até mesmo para quem não está familiarizado com gênero. Mesmo ele fugindo do óbvio, como a presença do índio e dos famosos tiroteios, é uma boa porta de entrada para esse mundo dos WESTERNS.